quarta-feira, maio 09, 2018


O quanto perco em luz conquisto em sombra 
e é de recusa ao sol que me sustento. 
Às estrelas prefiro o que se esconde 
nos crepúsculos graves dos conventos. 
Humildemente envolvo-me na sombra 
que veste, à noite, os cegos monumentos 
isolados nas praças esquecidas 
e vazios de luz e movimento. 
Não sei se entendes: em teus olhos nasce 
a noite côncava e profunda, enquanto 
clara manhã revive em tua face. 
Daí amar teus olhos mais que o corpo 
com esse escuro e amargo desespero 
com que haverei de amar depois de morto.
 
Carlos Pena Filho

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