domingo, fevereiro 22, 2009

Lost in Translation


Esse filme da Sofia Coppola é de 2003, mas eu só vi agora. Não sei em que planeta eu estava, mas... bom, traduzido aqui para O Amor é um Lugar Estranho, o filme é um mix de drama, romance e alguma pitada de comédia. O roteiro pode até desinteressar aqueles que estão acostumados com filmes mais óbvios.
Bill Murray é Bob Harris, um amargurado e decadente ator de filmes de ação que vai ao Japão gravar comerciais de whisky. Scarlett Johansson é Charlotte, jovem deprimida que está acompanhando seu marido fotógrafo também na terra do Sol Nascente. Os dois se conhecem no bar do hotel e logo descobrem que ambos sofrem de insônia devido ao fuso horário. Mas não se empolgue muito, pois nada de romance vai surgir a partir deste momento. Sofia Coppola é refinada e ao invés de transformar tudo num romance barato e passageiro, cria uma empatia mútua nas duas personagens que mal se falam. Quem já foi a um país em que não se entende nada do que se fala, se identifica com muitas cenas. Não há legenda das falas em japonês e a gente vai se sentindo exatamente como as personagens - perdidos na tradução.
O argumento do filme é simples, mas desconcertante, pois gira brilhantemente em torno do velho medo de nós mortais de nos sentirmos sós no meio da multidão. O estilo da Sofia é muito particular, pois a história é mais contada por imagens do que por palavras. Nunca o silêncio falou tanto como neste filme. Sofia Coppola mostra as diferenças culturais, mas sem desmerecer a cultura nipônica, conseguindo momentos verdadeiramente divertidos. Consegue mostrar o fascinante contraste de um Japão altamente desenvolvido com um Japão que preserva as raízes de uma cultura milenar. O final é perfeito, porque a relação das duas personagens não precisou ir mais além. A beleza do filme está aí, na forma como se apoiam mutuamente até que no final percebem a irrealidade do sentimento que os une.
Lost in Translation é a prova de que o amor é algo tão profundo e que não dá para explicar, nem mesmo traduzir.


Agora falando em traduzir, alguém me diga o que Bob sussurra à Charlotte, na cena final, pelamor? Encontrei muitas especulações pela internet, e acabei encontrando essas palavras - "I have to be leaving...But I won't let that...come between us...ok? ok."
O diálogo não estava no roteiro e as palavras, perdidas na tradução, foram criadas pelo ator Bill Murray, de improviso. Traduzidas ou não, nos emocionamos com os gestos sutis e o olhar dos dois nesse intenso e confuso sentimento.

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