sábado, agosto 02, 2025

um dia para ser esquecido



Hoje preciso enfrentar o meu maior desafio.

Meu mundo, minha raiz, meu norte, meu tudo, minha referência de crenças e valores, meu sal, minha terra, minha bússola no meio desse caos, se foi.
Reaprender a viver com partes minhas que não voltam já me dói demais.
Contrariando a tudo e em meio a tanta decisão fácil, a senhora escolheu, corajosamente, a mais difícil e, com toda a dor, desejou ficar consciente, desperta. Até o seu fim. Para ter tempo de me contar onde escondeu cada presente, e teve até encomenda de um bolo de aniversário. Mãe, você não existe. O que vai ser de nós? O que vai ser de mim sem você?
O relógio não vai parar, eu sei, os dias vão continuar passando e uma nova história começa a ser escrita agora querendo eu ou não. Te perder é como se parte da minha história fosse arrancada dentro do meu peito que hoje tá sangrando, mãe. Estou vazia, sem rumo, perdida. Tô sangrando, mãezinha.

Que legado a senhora deixou, mãe, e se eu conseguir passar um terço de toda essa sabedoria pra Nina eu já me dou por feliz.

É um ciclo que se fecha pra um novo se abrir.
Agora é reaprender a viver sem seu carinho, sua voz, seu olhar, e essa ausência cada vez mais concreta me sufocando.

Eu não sei como, mãe, vou reconstruir esse novo caminho onde a saudade seja só de alegria e não de dor. É nesse processo que vou me tornar outra versão de mim mesma. Não por escolha, mas por sobrevivência. Uma versão que vai, sim, carregar marcas mas também vínculos que nem a morte vai conseguir dissolver.

Vai com Deus, mãe, mulher guerreira, meu mundo, meu tudo e nada mais.

Te amo pra sempre.


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