sábado, janeiro 24, 2009

O Curioso Caso de Benjamin Button

Benjamin Button nasce velho, à beira da morte e a cada minuto que passa ele rejuvenesce, numa dramática inversão do ciclo da vida. Fiquei assustada com os efeitos. Causa muita estranheza ver o bebê-velho Benjamin, abandonado na escada de um asilo, com o rosto enrugado. Levei algum tempo para que essa sensação de estranheza se dissipasse, mas o ritmo pacato do primeiro ato é focado nesse sentido. Conforme Benjamin torna-se capaz de sentar-se, começa a dizer as primeiras palavras, começa a andar, já fui me acostumando com o corpo velhinho do Brad Pitt, criado através de computação gráfica e muita maquiagem.
Eu poderia claramente dividir o filme em três partes: Parte 1 - O Curioso Caso, Parte 2 - O Fascinante Caso, Parte 3 - O Poético Caso de Benjamin Button. Essa última parte me comoveu mais porque o filme transforma-se em uma meditação sobre a mortalidade, a passagem do tempo e o amor, em uma bem amarrada sucessão de situações vividas pelo Benjamin. Este "cresceu" ao lado da menina Daisy, que ele encontra nas férias quando a garota vai visitar a avó no asilo.
A diferença de idade aparente os afasta, até que eles se encontram anos depois - ela 20 anos mais velha, ele 20 anos mais moço. Cate Blanchett, que vive Daisy, está fantástica no seu papel. As duas primeiras partes do filme são levadas com competência mediana por Brad Pitt, agora a última parte com grande maestria pela Cate. Imagina saber que o grande amor de sua vida está se tornando jovem a cada dia. A sua surpresa, a sua dor, a sua perda pelo homem que vai se transformando em uma criança, vão sendo destiladas em seus delicados gestos e olhares que nos matam do lado de cá da telona. Cate é fabulosa, não me resta dúvida. Uma pena eu ter visto a poesia do filme somente depois que Brad sai de cena e entra a Cate. Ironia? Pode ser, mas o fato é que Brad Pitt pode ser um deus grego mas não o vejo como um bom ator. Fazer o quê... Mas isso não atrapalhou de todo a beleza do filme, que tem começo em 1918 e termina na Nova Orleans prestes a ser devastada pelo Katrina. Enfim, o filme é uma delicada obra-prima e vai fazer bonito na premiação do Oscar deste ano. Só lamento a Cate não ser uma das atrizes indicadas à premiação.

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